É engraçado...

Hoje continuei dando uma lida nos emails que chegaram de pessoas interessadas em colaborar com o Cinema com Rapadura. Abrimos uma seleção para reunir novas cabeças pensantes que pudessem trazer novidades na nossa produção e atualizar o que já está sendo feito. Considerando a diversidade de perfis, acabei percebendo coisas tão iguais...

Foi pedido um texto dissertativo para o possível-futuro-rapadura (PFR) falar de si e do que poderia contribuir para o site. A maioria dos textos foram artificiais, sempre prezando por gags que realmente não colam. Até os filmes preferidos são sempre aqueles considerados mais cults, como "Laranja Mecânica" e "Pulp Fiction", e diretores preferidos sempre citam Kubrick ou Coppola.

Comentei com o diretor do portal, Jurandir Filho, que muito mais me agradaria ver a sinceridade de alguém que diz que gosta de "O Diabo Veste Prada", por exemplo. As pessoas enxergam em alguns gêneros coisas que são preconceituadas em geral. Parece até uma obrigação citar filmes de naipe bom para que chame atenção. Não mesmo. Gosto cada um tem o seu e não vejo problema algum em citar, ao lado de filmes pops, aqueles pastelões. Até porque sempre tem um ou outro que, mesmo eu que sou da crítica, acabo gostando. Amo "Táxi", por exemplo, apesar de ser ruim como cinema. Eu morro de rir, tenho em casa e adoro.

Outro ponto é que muitos textos traziam os elogios para o portal, o que é sempre bom de ler, e afirmavam interesse imediato em escrever para a sessão de críticas. Acho que houve uma falha de comunicação, já que os PFRs serão remanejados para escrever no Rapadura Blog e na seção de Notícias do portal. Não há como abrir de imediato a parte de críticas para quem ainda não tem respaldo entre os Rapaduras. Não há confiança e conhecimento da capacidade ao assinar uma crítica.

Eu, como Editor Geral, sou rigorosíssimo em tudo, principalmente com as críticas. Jamais permitiria alguém escrever crítica que não seguisse o formato do site ou que fosse baseado em achismo. Provavelmente seria isso que aconteceria. A crítica de um PFR até poderia sair boa, mas é arriscado para o portal divulgar algo que nem os próprios membros aprenderam a confiar. Por isso que quando eu lia nos emails esse interesse nas críticas, eu já torcia o nariz.

Os colaboradores começarão como colaboradores. Depois, com a evolução do trabalho aliada à confiança, pode ou não passar para outros trabalhos mais específicos e confiáveis do CCR. O CCR não é uma brincadeira e não aceitamos brincantes. Damos um duro danado para que o portal fique impecável do jeito que é, então não podemos compactuar com prepotências.

Para aqueles que forem escolhidos, certamente aprenderão bastante não só cinema, mas também a trabalhar e pensar em grupo. O CCR é uma escola que possui degraus possíveis de subir com o tempo.

18º Cine Ceará (I)

A intenção era escrever ao fim de cada dia do Cine Ceará, mas a falta de tempo me incomoda. Já se passaram três dias de festival que, por sinal, está com uma vibe bem diferente do usual Este é o terceiro ano que eu faço a cobertura para o CCR, e não sei se é porque decidimos ser mais lights com a dedicação ao festival que essa visão de que o evento não está fervendo me incomodou durante esses dias.

A quinta-feira, 10, foi a abertura. O público escasso me assustou assim que eu desci do táxi. Por ser uma sessão somente para convidados, talvez justificasse as poucas pessoas que transitaram pelo Cine São Luiz. Na ocasião, a abertura melódica de sempre, com a graciosidade e simpatia da minha querida Maria Fernanda. Um curta de Fernando Birri foi exibido e entediou boa parte dos presentes. Documentário inspirado em slides praticamente forçou o público a ficar na sala.

Logo em seguida, a exibição de "Minha Vida Não Cabe Num Opala" até me chamou atenção, mas o ar condicionado defeituoso do Cine me deixou incomodado e preferi ficar na praça com meus vícios fumantes e etílicos. Aliás, foi na praça que aconteceu a melhor coisa até agora deste Cine Ceará... mas isso é particular e esse blog não é diário eletrônico. Depois, a festa usual para a imprensa e convidados rolou, por mais que abafassem que rolaria. Vale ressaltar que tinha mais gente na festa do que na própria cerimônia de abertura do Cine Ceará. Até que foi boa, mas o chop tava aguado.

Na sexta-feira, 11, a alteração em público foi pouca. O primeiro longa da noite foi "Circunstancias Especiales", um documentário sobre um ex-exilado do Chile que decide procurar os responsáveis pelas torturas e sentença de 1970 e tantos. Uma temática importante na política latino-americana, porém com um quê de pessoalidade que me passou prepotência. Para ganhar a noite, veio "Vete de mí", um longa espanhol simplesmente delicioso de assistir.

O sábado, 12, reuniu mais gente. A mostra competitiva de curtas começou cedinho, mas nem pude estar presente. Cheguei para conferir os dois longas, um em competição e o outro em premiére. "Postales de Leningrado" é maravilhoso e meu preferido até agora para as categorias de melhor direção e fotografia. Belíssimo e especial, o filme conta de forma cativante e poética a visão de uma menina sobre a época em que os pais eram militantes de uma guerra.

Ao fim da noite, a beleza e charme de Patrícia Pillar mexeu com a imprensa e com o público. A atriz veio lançar seu documentário sobre o cantor Waldick Soriano, um dos maiores nomes da música "brega" do país. Patrícia é um amor e passa esse sentimento na obra. Ela é sensível e registra com belas imagens a vida de um cantor que entrou para a história eterna da música popular brasileira.

A realidade é que eu espero que o festival melhore de público, pois as chances de ver filmes ibero-americanos de qualidade em circuito nacional são praticamente zero. E que mais momentos pessoais na praça venham! (eu dormi na praça.. pensando nel....)

Sobre o Dia da Mentira

Quando eu terminar este post, o Dia da Mentira já terá passado. Não que tenha alguma relevância na vida das pessoas, sendo apenas uma desculpa para uma tirar onda com a outra e etc. Mesmo assim, muitas notícias do mundo cinematográfico que foram veiculadas neste dia atrapalharam a vida de alguns jornalistas quanto a veracidade das informações.

O fato é que em uma das notícias que eu li, eu quase fiz uma novena para que fosse mentira. Nunca torci tanto para algo ser falso. O site OFuxico me deliciou com a chamada: Madonna deve atuar na nova versão de 'Casablanca'. Passei mal. Primeiro por uma refilmagem de "Casablanca" ser praticamente um atentado aos clássicos hollywoodianos. Já até imagino a mordenidade tomando conta da película, um cineasta de segunda na direção e um de terceira no roteiro, com atores medíocres nos papéis que pertenceram ao saudoso Humphey Bogart (e seu cigarro inseparável) e da maravilhosa Ingrid Bergman.

A segunda e mais preocupante nóia que me tomou foi quanto a essa vontade da Madonna em fazer Isla (papel de Bergman no longa original). Não gosto da Madonna. Ela já passou, está uma anciã e só lança modinhas que piram a ala happy (if you know what I mean) nas baladas. Como atriz, ela é até uma ótima cantora. Na filmografia da criatura, filmes ridículos se misturam a "Evita", o melhorzinho, porém sacal e insuportável. Para quem não sabe, o papel de Eva Peron seria da espetacular Meryl Streep, mas Madonna mandou uma carta ao diretor argumentando porque seria melhor que a Meryl (tipo, oi? De onde ela é melhor do que a Meryl? De onde a Madonna é boa?).

Daí agora ela tem conversado com os assessores e informou ter interesse em protagonizar o remake (provavelmente ruim) de "Casablanca". Vamos por etapas. Madonna tem o quê, 100 anos? Ingrid tinha 27 em 1942, quando a versão original foi lançada nos cinemas. Nunca que um diretor de consciência mediana ia escolher uma anciã e sem talento para o papel. A não ser que, ao invés de uma refilmagem, fizessem algo que pendesse mais para o trash mesmo, tipo: alguns anos depois.. or something. Além disso, seria um ultraje traçar paralelos entre Ingrid e Madonna em um filme que é considerado por muitos o melhor de todos os tempos (ainda prefiro alguns outros, mas acho sim um dos melhores).

Então eu torço para que isso seja apenas uma Pegadinha do Malandro e que os estúdios responsáveis pela refilmagem desse clássico ponham a mão na consciência e não deixem que uma wanna-be-actress convença mais uma vez que é "perfeita" para o papel. Vai lá saber se ela já sofre com os esquecimentos da idade e sequer conseguiria decorar alguns diálogos a serem rodados.

Aos fãs de Madonna: fui revolucionário sim, justamente por estar indignado com essa possibilidade de ver essa pessoa protagonizando um dos meus filmes preferidos. Tudo que falei não foi por impulso, só foi aumentado. Então me economizem de críticas musicais, números de CD's vendidos, títulos de rainha do pop ou qualquer coisa do tipo. Não gosto dela e não será nenhum DinoFan que me fará mudar de idéia. Acho um absurdo e opino sim. E o blog é meu. Não gostou, alt F4.