Polaróides Urbanas (2008)

Miguel Falabella é um mestre. Ator de cinema, teatro e televisão, produtor, diretor, apresentador, versátil. Escreve e atua. Junta elencos memoráveis e causa rir sem entrar no escracho das comédias brasileiras, e até quando entra, fica interessante de assistir. Por ser um trabalho dele e o resultado de uma boa equipe na construção de um produto.

"Polaróides Urbanas" é uma obra quase almodovariana. Falabella pega sua peça teatral de sucesso e leva ao cinema vidas e perfis que questionam sobre vida e morte, sobre aspirações e inspirações, sobre o que espera-se de alguém e de si mesmo. São personagens cômicos, clichês, cansados, mal aproveitados, demasiadamente usados. Enfim, Falabella reconstrói a vida com a desigualdade que ela é, sem perfeição alguma.

O forte do roteiro de "Polaróides Urbanas" está nesses personagens e na forma como eles se entendem (ou não) no final. Falabella constrói mulheres fortes, deprimidas, à beira de um ataque de nervos. Conceitua homens fracos e autosuficientes. São perfis de pessoas que existem ao nosso redor. É impossível não reconhecer em alguma das esquetes (porque é isso que o filme é: um apurado de esquetes) alguém do nosso cotidiano. Falo logo que meu pai é meio Edmundo.

Os personagens vivem seus dramas até perceberem que, por mais engraçado ou deprimente, eles podem fazer algo para mudar aquilo. Por mais que tenha a sensação cinematográfica que no final tudo dá certo, afinal tudo acaba dando certo mesmo; ou precisamos acreditar nisso para não nos desencantar da vida. Mesmo com um trabalho interessante com os personagens, Falabella ainda está preso a dramaticidade teatral que não funcionou com tanta naturalidade. Quando o filme precisa entrar no drama, perde aquela alegria que esbanja na primeira metade do filme, os risos são cessados e dá a impressão de o drama foi forçado.

Mesmo assim, "Polaróides Urbanas" reúne um elenco competente, com destaque principal para a saudosa Marília Pêra. Não é o melhor filme nacional dos últimos cinco anos ("O Ano em que Meus Pai Saíram de Férias" e "Abril Despedaçado" reinam absolutos), muito menos a melhor comédia brasileira ("Os Normais - O Filme" é imbatível), mas causa boas sensações e muitas gargalhadas no cinema. Imperdível por ter o humor ácido de Falabella e o talento de grandes estrelas do país.

1 comentários:

  Flaveetcho

31 de março de 2008 às 20:53

Ainda não assisti a esse filme, mas ouvi muitas críticas sobre ele.

Muitos gostam, outros não... mas eu quero ver... *-*